Consumo inconsciente


Por Daniela Gurgel, Fernanda Belo, Isadora Lira, Isadora Ribeiro, Luiza Lanna.


O órgão responsável pelas questões referentes à água em Mariana é o SAAE (Serviço Autônomo de Água e Esgoto). Segundo o site oficial do departamento, há 4 Estações de Tratamento de Água (ETA) no município, que abastecem cerca de 65% da população, e 7 cloradoras, que complementam o abastecimento. Quanto ao planejamento, o SAAE informa em seu site que possui um Plano Diretor de Tratamento de Água “com projeções para os próximos 20 anos.”
Conforme a equipe técnica do SAAE, a recorrente falta d’água em Mariana está diretamente relacionada ao consumo exorbitante. Para o Gestor da Divisão de Operação e Manutenção do SAAE Mariana na época (nov. 2012), Ronaldo Camelo, “enquanto no Brasil o consumo de água por pessoa gira em torno de 200 a 280 litros por dia, em Mariana esse valor deve estar em torno de 450 a 500 litros.” Os bairros mais afetados são: Rosário, Colina, São Gonçalo, São Sebastião, Santo Antônio, Nossa Senhora Aparecida e Jardim Santana.


Um panorama técnico

Para Ronaldo Camelo, fatores como topografia, crescimento populacional, tubulações antigas, estiagens atípicas e ausência de consumo consciente por parte da população influenciam na demanda de captação e distribuição qualitativa e quantitativa da água no município. O gestor relata que existe um estudo sobre a viabilidade de construção de mais uma ETA, a ETA Norte, um projeto de abastecimento com focos de captação na região norte do município.
Segundo o gestor a construção da estação é uma forma de solucionar o problema em Mariana, além de viabilizar o fornecimento de água para atuais e futuras demandas: “Localizada na direção de Antônio Pereira, sentido Vila Samarco, ela vai ter uma vazão em torno de 110 a 150 litros por segundo”, explica, sendo necessário um investimento em torno de R$ 10 milhões na obra, com estimativa de duração de seis a oito meses.
Diante deste projeto de captação e distribuição de água, Ronaldo estima que para hidrometrar o município seriam gastos cerca de 50 milhões de reais. A primaz de Minas conta com tubulações antigas e a necessidade de troca é imprescindível para a instalação do projeto: “Hidrometrar solicita trocar a tubulação, a atual não suportaria a pressão. Ficaria em torno de 50 milhões e pra isso tem que haver uma ajuda federal. Já houve o projeto no início do SAAE, mas não foi pra frente. O custo estimado na época era de 32 milhões”, relembra.


Autarquia do SAAE versus implantação da COPASA
Bambu / Foto: Fernanda Belo

Para Geraldo Sales de Souza, Bambu, atual presidente da Câmara de Vereadores de Mariana (nov. 2012), os problemas relacionados ao tratamento e falta d´água na cidade se resolveriam com a instalação da COPASA, a Companhia de Saneamento de Minas Gerais, e a tarifação dos serviços: “Já está aprovada pela Câmara a tarifação da água em Mariana. Quando se criou o SAAE, isso já foi aprovado”, recorda. “A cidade tem o recurso, mas falta vontade política”, afirma Bambu.


Celso Cota / Foto: Fernanda Belo
Já Celso Cota, prefeito eleito para o mandato de 2013/2016, afirma que a COPASA realizou um estudo para implantação do serviço na cidade durante seu mandato anterior, mas não se configurou uma proposta: “É muito fácil entregar o município para COPASA. Nós temos a certeza de que vamos ser bem atendidos, que não vai faltar água de qualidade, mas temos que olhar a estratégia de negócio”, afirma. Para ele, Mariana deve permanecer com o SAAE, pois acredita que se pode trabalhar melhor: "Eu sempre tive uma visão de que nós deveríamos operar e que algum recurso que a água pudesse gerar ficasse para o tesouro municipal”, argumenta.

Ações futuras

A construção da ETA Norte em 2013 será um complemento para o atual sistema de abastecimento de água de Mariana, mas ela não pode ser considerada a solução isolada. Celso Cota espera que a partir de 2013 as novas obras e os grandes consumidores, como hotéis, postos de gasolina, lavanderias, casas com piscina, por exemplo, sejam hidrometrados, arcando com uma tarifa pelo consumo de água.
O prefeito eleito também fala em planos para estabelecer a tarifa social, que seria a cobrança de uma taxa mais baixa para os moradores que consumirem até um limite previamente estipulado. A promessa é conseguir 100% de água tratada em dois anos, sinaliza. E arrisca, falando em planos de governo, “100% de esgoto tratado em quatro anos”.


Edição final: Daniela Gurgel e Isadora Ribeiro / Fotografia: Fernanda Belo e Luiza Lanna / Making-off: Isadora Lira


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